A chamada "idade madura" se inicia por volta dos 40 anos, sendo comum que as pessoas nesta faixa etária façam mudanças em seu estilo de vida, que revisem e reavaliem a sua existência e escolhas.
Há o enriquecimento da personalidade, mas também um dilema interno que vem com a percepção de que o êxito pelas conquistas alcançadas durante a vida nem sempre é duradouro. Com intenção de fazer valer seus esforços, surge a necessidade de ensinar, de se doar, para que haja continuidade ao que foi construído, para que seu legado seja perpetuado. Quando em excesso, essa atitude pode levar ao autoritarismo.
Conforme a teoria do desenvolvimento psicossocial, neste estágio da vida, a pessoa pode desenvolver a generatividade, que possibilita influenciar as próximas gerações com os seus feitos ou, ao contrário, experimentar a estagnação.
As mulheres tendem a se culpar pelas renúncias feitas em prol da família e os homens têm a tendência a buscar mais desafios e excitação, exibindo nostalgia por sua adolescência, sendo comum em ambos os casos, a busca por uma série de mudanças, inclusive relacionadas à aparência física.
É um momento de transição e a ele podem estar associados alguns eventos como, por exemplo, a aposentadoria, a saída dos filhos de casa, adoecimentos, menopausa, morte dos pais, casos extraconjugais, dentre outros.
A consciência do fim da juventude e iminência da velhice desencadeiam o processo, pois a pessoa passa a considerar possibilidades de grandes perdas físicas, congnitivas e emocionais, envolvendo, portanto, aspectos biológicos, socioculturais e psicológicos conscientes e inconscientes.
Até algumas décadas, a forma mais apropriada de viver a idade madura era casando e criando filhos. Hoje, essa perspectiva é ampliada, pois a generatividade pode ser expressa em diversos planos relacionais, inclusive no que diz respeito à carreira e não mais somente na família. Vale aqui salientar que ambientes competitivos, no meio social ou profissional, podem intensificar os conflitos internos.
A crise da idade madura está relacionada ao processo de individuação, processo este que, segundo Jung, nem todos conseguem completar com êxito. É o momento da autoconsciência, pois na primeira metade da vida a energia é canalizada para o mundo externo e nessa fase em questão, passa a ser canalizada para o mundo interno, para o mais profundo do nosso ser e ao que ainda podemos vir a ser.
Os aspectos positivos observados que compreendem essa fase da vida são:
- A pessoa passa a compreender melhor os seus próprios comportamentos, escolhas e os motivos de suas escolhas;
- Os relacionamentos íntimos se tornam mais satisfatórios e seguros;
- Passa a ter maior equilíbrio e presença social;
- É produtiva, responsável e realiza seus planos;
- Torna-se mais calma, transmite tranquilidade, sendo socialmente mais habilidosa e flexível;
- Valoriza sua independência e autonomia;
- Desperta afeto, aceitação e tende a se tornar mais carismática e comunicativa.
Em contrapartida, os aspectos negativos são:
- O Ego se torna mais frágil e a pessoa não se adapta muito facilmente ao estresse;
- Torna-se defensiva, reage às frustrações e irrita-se com facilidade, não se sentindo confortável com incertezas e complexidades;
- Rejeita pensamentos e experiências negativas;
- Torna-se vulnerável à ansiedade, medos e preocupações;
- Sente-se lesada e vitimizada pela vida.
A psicoterapia e diversas terapias holísticas podem ajudar nesse momento de reencontro consigo mesmo, nas resignificações que esta etapa da vida exige e na busca individual por atividades que tragam prazer e qualidade de vida. A fase da idade madura compreende, portanto, um momento de conciliação entre a vida já vivida e a que se pode e se quer viver.
Fonte:
PAPALIA, E.D.; OLDS, S.W & FELDMAN, R.D. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre:
ArtMed, 10ª ed., 2010.
DOCTER, P.; PETERSON, B. Up - Altas Aventuras. 2011.
RABELLO, E.T.; PASSOS, J.S. Erikson e a teoria psicossocial do desenvolvimento.Portal Brasileiro de Análise Transacional.
RJ, n.12, 2014. Disponível em: http://www.josesilveira.com/artigos/erikson.pdf.
Acesso em 15 abril 2015.
Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga - Jundiaí/SP
CRP: 06/87036
Contato: (011)3446-8110 e (11) 99825-6475
Muito bons esclarecimentos. Muito obrigado
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