Muitas pessoas possuem o hábito de consultar
um dicionário de sonhos para decifrar o simbolismo daquilo que sonhou durante
seu sono, porém os símbolos dos sonhos são diferentes para cada pessoa, são
manifestações espontâneas da nossa psique e os símbolos fazem referência ao
momento em que cada pessoa está vivendo.
Os sonhos podem até ser comuns entre as
pessoas, mas os significados são diferentes para cada um, os símbolos não podem
ter características meramente estatísticas como sugerem os populares dicionários
de símbolos.
A técnica de analisar sonhos é bastante
utilizada por psicólogos analistas de orientação Junguiana, pois estudamos que
os sonhos nos mostram conteúdos do inconsciente que são manifestos através de
símbolos, ou seja, funcionam como sinalizador, revelam problemas, conflitos,
potenciais, desejos latentes, assim como criatividade e contribuem com idéias e
soluções.
Alguns sonhos trazem fragmentos do nosso dia
a dia e esses são considerados sonhos pequenos que manifestam apenas situações
vividas no cotidiano.
Outros
sonhos são originários do inconsciente mais profundo ou inconsciente coletivo e
são cheios de significados. Quando a pessoa tem esse tipo de sonho, normalmente
ela fica pensando, tentando entende-lo e não o esquece, esses parecem muito
reais e emocionam.
Existem sonhos chamados de redutores, que
depreciam a pessoa, pois essa o leva ao “pé da letra” confiando excessivamente
no que sonhou, outros sonhos são reativos, pois estão relacionados a revivência
de acontecimentos traumáticos que o sonhador não elaborou.
Muitas vezes os sonhos tem características
compensatórias, no sentido de que fazem a reposição de algo que falta para o
sonhador, por exemplo, se a pessoa está desempregada pode vir a sonhar que
trabalha em uma grande empresa.
Nos sonhos temos cenas e personagens
fantásticos, imaginários, o tempo e espaço são diferentes do que está na nossa
consciência, sua linguagem é simbólica e a associação do que aparece no sonho
vai depender da experiência vivida pela pessoa, por exemplo, um túnel que
aparece num sonho pode não ser simplesmente um túnel, mas sim tudo o que o
sonhador associa ao túnel.
As ligações que a pessoa fizer entre as
imagens oníricas são o que o levará ao complexo reprimido no inconsciente.
Todas as pessoas sonham todas as noites,
porém o que acontece é que muitas vezes não lembramos e hoje em dia a
compreensão dos simbolismos se tornou pouco explorada, pois o homem
vive mais conectado com o racional, diferente do que acontecia no passado.
Para que seja efetuada uma boa interpretação
dos sonhos, é interessante tomar nota deles, portanto é recomendado que seja
deixado ao lado da cama sempre um caderno e uma caneta para que os mesmos sejam
anotados assim que acordar e vale ressaltar que um sonho seguinte pode completar
o sonho anterior.
As vezes as pessoas sonham com tragédias e
acreditam que pode ser premonição, porém esse tipo de sonho pode significar
tragédias internas, conflitos, lutos, que estão sendo vividos pelo sonhador e
não necessariamente são premonitórios de um acontecimento trágico na vida.
Jung cita em sua obra que “Os sonhos dão
informações muito interessantes a quem quiser compreender seu simbolismo” e
descobriu em seus pacientes um rico material produzido por fantasias dos
sonhos, então Jung começou a apontar uma imagem ou associação do sonho em
tarefas que dava aos seus pacientes através da dramatização, arte e até
acústica e dança.
É fundamental que o analista ouça o que o
paciente pensa sobre o que sonhou e que não faça pré julgamentos.
A proposta da análise dos sonhos é
proporcionar que o paciente entenda aspectos psíquicos que precisa desenvolver,
assim como os obstáculos que precisa transpor em seu processo de individuação.
Todo sonho tem um propósito, pode ser útil
para transformar uma situação acrescentando algo que falta na consciência
tornando a pessoa mais equilibrada, livre e íntegra consigo própria.
Texto
escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga
Clínica – CRP: 06/87036 SP
Contato:
(11) 3446-8110 e (11) 99825-6475
Fonte: JUNG, C. G. (1961) – Memórias, Sonhos
e Reflexões.
BEIN, Carlos – O sono paradoxal e o processo
de individuação. Jung e Corpo.
STEIN, Murray – O mapa da alma.