O amor patológico é uma doença em que a pessoa
se torna dependente do outro como se ele fosse responsável por completar uma
parte necessária para a sua sobrevivência.
Os critérios diagnósticos para o amor
patológico são semelhantes aos da dependência química. Quando o parceiro está
fora do controle da pessoa que sofre deste tipo de amor ele tem uma espécie de
abstinência, um vazio muito grande.
A pessoa
que sofre de amor patológico perde a sua individualidade, prejudica os seus
vínculos com familiares, amigos e trabalho pois passa a viver o mundo do
parceiro e pensa que precisa dele para existir, tem o desejo de apossar-se do
sentimento do outro e mantê-lo sob controle, presta cuidados excessivos com a
intenção de obter afeto, é carente, exigente, intenso e tem um medo enorme de
perder o parceiro.
As principais estratégias utilizadas por quem
sofre desse amor patológico para manter o outro sob controle são ligações
telefônicas constantes, interrogatórios sobre as atividades dele, atenção extrema,
perseguições e necessidade de provocar ciúmes.
Esse tipo de amor doentio é vivido por pessoas
que possuem baixa autoestima e são marcadas pelos sentimentos de rejeição e
raiva. São pessoas que provavelmente foram criadas em ambientes hostis, em famílias
desajustadas, com pouca atenção e carinho dos pais.
Alguns pesquisadores apontam que esse amor possessivo
surge quando na infância a pessoa tem uma relação insegura com a mãe, sofrendo
de ansiedade de separação, ou seja, a pessoa não sente a mãe presente e
atenciosa lhe apoiando, por vezes se sente rejeitada, então a criança nunca
sabe se a pessoa amada estará presente ou ausente em sua vida, não se sente
importante o suficiente para que alguém a considere verdadeiramente e por isso
está sempre na expectativa da perda. O homem que não tem a mãe presente na
infância, tende a se tornar um apaixonado desenfreado, fazendo de sua mulher a
deusa da fonte de amor, trata-se de uma transferência de um complexo materno.
Ser rejeitado por um amor é uma das
experiências mais dolorosas da experiência humana.
Na nossa vida passamos por
muitas frustrações e não ter o amor correspondido pode ser uma delas, mas isso
deve ser entendido como algo normal na vida, um obstáculo a ser superado e
resignificado após a vivencia do luto, porém quando o sofrimento se torna
excessivo e obsessivo é sinal de que o amor sentido é patológico e se deve
procurar ajuda.
O amor é um sentimento gostoso, construtivo,
tem um caráter generoso e libertador. O
amor patológico é o oposto disso, ele é angustiante e leva a pessoa a perseguir
o outro como um objeto à ser consumido.
Amor não é sofrimento e o amor não tira, mas
sim acrescenta na nossa vivencia.
Ninguém é dono de ninguém e temer o abandono pode
ser justamente o que vai levá-lo ao abandono, pois o excesso de cuidados faz
com que o outro se sinta sufocado e desrespeitado, desgastando assim o
relacionamento.
O amor em mim e por mim é o amor que
acredito que mereço e vou receber do outro.
O primeiro passo para a cura é a
conscientização do problema e o tratamento em psicoterapia é um recurso
essencial que irá aliviar os sintomas que estão presentes, provavelmente desde
a infância.
Texto
escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga
Clínica
CRP:
06870/SP
Contato:
(11) 3446-8110 e (11) 99825-6475
Fonte: Ciência e
Vida