segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Melancolia de Final de Ano


Nessa época do ano, em consultório de Psicologia recebemos muitas pessoas com a queixa de estarem se sentindo melancólicos e infelizes com as festividades do Natal e Ano Novo.

Essa melancolia pode acontecer em outros feriados prolongados e datas comemorativas, porém é bastante comum na época de Dezembro em que o mundo inteiro está celebrando ao mesmo tempo.

 As festas de final de ano tem a representação de encerramento e conclusão e com isso surgem vários “gatilhos” estressores porque as pessoas tendem a fazer uma revisão de sua própria vida nessa época, pensam no que gostariam de fazer e não fizeram, pensam em seus erros, em suas escolhas muitas vezes frustradas feitas durante o ano que está terminando, memórias de lutos, perdas, traumas, desemprego, separações, saudades e feridas dolorosas que ainda podem estar latentes vêm à tona no mês de Dezembro.

Para a maioria das pessoas o final de ano é um período de confraternização, alegrias e festa, mas para muitos é um período extremamente angustiante e triste em que vários sentimentos ficam misturados, como a solidão, fracasso, culpa e inclusive em muitos relatos ouvimos que a pessoa está se sentindo culpada por estar triste e não achar graça em comemorar com a família e amigos o que todos estão comemorando.

É muito importante que seja feita uma reflexão sobre os motivos que pode ter provocado a melancolia para que esta possa ser superada.

A melancolia não deve ser confundida com a depressão, pois a depressão é mais do que um tempo de tristeza. A depressão é um estado que se instala com vários outros sintomas que a caracterizam e pode durar meses ou até anos.

Os sintomas da melancolia de final de ano tendem a desaparecer logo no início do novo ano, assim que a rotina for retomada. Se os sintomas persistirem é fundamental que a pessoa procure pela ajuda capacitada de um psicólogo.

A expectativa sobre o que há por vir e a retrospectiva do ano (muitas vezes difícil) que está se acabando geram a melancolia, assim como o próprio cansaço físico que se dá pela quantidade de compromissos que surgem nesta época, as sucessivas comemorações, o viés comercial do Natal e Ano Novo, a solidão e a convivência forçada com conhecidos e familiares com os quais não se tem muita afinidade, são fatores também desencadeantes da melancolia.

O consumo de massas e chocolates tende a aumentar nesta época do ano por serem precursores de serotonina e muitas pessoas preferem ficar recolhidas e pensativas, fazendo um verdadeiro exercício de limpeza mental e autoconhecimento.

O que recomendo é que essa época não seja usada apenas para “balanço” das perdas, mas sim que também seja feito um “inventário” dos ganhos que se teve ao longo do ano que está acabando.

É importante evitar a comparação da sua própria vida com a vida de outras pessoas, pois a comparação faz com que você tire o foco do seu potencial e das suas conquistas aguçando assim a tristeza.

Viver não pode ter o sentido de disputar, pois cada pessoa é única e tem sua missão, sua história a ser vivida e reinventada quando quiser e sentir a necessidade. Cada ser é livre e brilhante para construir o caminho que considerar ideal para si.

Ter um sentimento de amor e companheirismo por alguém ou que seja por um animal de estimação, ajuda no combate à melancolia.

Nesta época tente estabelecer objetivos alcançáveis, aproveite o período para fazer novos planos como, por exemplo, cuidar da saúde, criar novos hábitos, faça novas propostas para reformular o novo ano que vai começar, você pode escrever seu ano da maneira que desejar, pense em possibilidades para recuperar e conservar a auto estima, não absorva questões externas das quais você não tem controle ou questões negativas que não lhe pertencem.

Procure relacionar-se com quem realmente te faz bem nessa época e seja autêntico, sem medo de ser feliz, sempre respeitando o seu momento e os seus limites.

Desejo um 2016 maravilhoso a todos!!!

Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica
CRP: 06/87036-SP
Contato: (11) 3446-8110 e (11) 99825-6475

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O Vício na Internet


Este texto tem o objetivo de tratar sobre o uso abusivo da internet, essa dependência psicológica que inclui um desejo e necessidade irresistível de manter-se conectado ao Facebook, Whatsapp, Instagran etc.

A internet se tornou um campo de dependência tal como o vício por álcool, vício por trabalho, jogos, religião entre outros, trata-se de uma dependência comportamental.

As novas tecnologias surgiram em meados da década de 90 e com isso surgiram também novos comportamentos humanos.

O uso da internet se torna patológico a partir do momento em que essa se torna a atividade mais importante da vida da pessoa a ponto de dominar pensamentos, sentimentos e comportamentos. O problema está no exagero!

Algumas pessoas deixam suas atividades do mundo físico para viver o mundo virtual de maneira obsessiva.

É possível perceber que o uso da internet está sendo prejudicial quando esse começa a colocar em riscos as relações familiares e sociais, quando se começa a notar prejuízos escolares e no trabalho e quando começam as manifestações de irritabilidade, impaciência, inquietude, baixa autoestima, tristeza, ansiedade, alteração de humor, depressão e instabilidade emocional.

A dependência tecnológica ou uso excessivo da internet enquadra-se no Código Internacional de Doenças (CID) como Transtorno do Controle do Impulso (F63.9).

Os recursos tecnológicos e a velocidade das comunicações são tão intensos que em alguns casos acabam se tornando verdadeiras armas de destruição psíquica, pois muitos usuários manifestam crises de ataques de fúria quando não conseguem conexão e faltam ao cuidado consigo mesmo e ou com outras pessoas que estão em seu convívio.

A internet e as mídias digitais trouxeram novas formas de relacionamento.

Há pessoas que utilizam a internet como ferramenta para vencer a timidez, pois conseguem se tornar mais sociáveis através delas. As redes sociais oferecem um campo de possibilidade em que o usuário tem um papel libertador de aspectos agressivos, sombrios e até conhecidos, mas pouco assumidos perante os outros.

Em consultório é comum recebermos relatos de pessoas que temem não ser amadas caso mostrem como elas são na realidade, então na internet criam um “papel libertador”.

Uma rígida Persona na vida offline faz com que seja libertada a sombra na internet. A criação de diversas Personas no mundo virtual também é possível, deixando à sombra para ser vivenciada no mundo offline.

A internet oferece uma sensação de controle sobre as relações com os outros e a imagem de si mesmo, assim como também serve de máscara.

Outra queixa frequente em consultório é a de que nas redes sociais muitas vezes são experimentadas situações de invasão de privacidade, exposição abusiva, bulling e exposição sexual inclusive de crianças.

Há uma legislação que delimita uma idade mínima de 13 anos para utilização das redes sociais, mas a maioria dos pais não seguem essas normas e isso é preocupante, pois o acesso prematuro das crianças a esses meios de exposição, além de causarem os riscos que já descrevi, também estimulam um narcisismo precoce.

É muito fácil viciar-se na utilização da internet porque ela também oferece uma experiência tranquilizante e de excitação.

O conto das “Sereias Gregas” ilustra esse poder de sedução da internet.

As sereias são mulheres sedutoras que cantam para os marinheiros e os atraem dessa forma e esses marinheiros incapazes de se conter, são destruídos e comidos assim que chegam perto delas. A internet parece ser um oceano cheio de ricas aventuras, peixes e inigualáveis tesouros, mas há uma sereia a espreita que seduz, chama mas pode destruir, caso a pessoa não consiga se conter ” (Academia Paulista de Psicologia).

O tratamento psicológico é a forma de intervenção melhor recomendada neste caso, para que a pessoa consiga ouvir as “seduções” da internet e considerar-se capaz de resistir a elas e não se deixar destruir ou se perder de si próprio.

Em psicoterapia, a pessoa tem a possibilidade de resgatar sua autoestima, a sua essência e sua verdade para assim também conseguir dar espaço na sua vida real aos sonhos, projetos e imaginações.

Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica
CRP: 06/87036-SP
Contato: (11) 3446-8110 e (11) 99825-6475

Fonte: Academia Paulista de Psicologia
Jung, C. G. (1903/2011). Estudos Psiquiátricos. Petrópolis: Vozes
Jung, C. G. (1921/1991). Tipos Psicológicos. Petrópolis: Vozes