terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Raiva

Esse artigo vem tratar sobre a raiva, emoção que vem sendo constante entre a humanidade.
Raiva é uma emoção e não um sentimento, assim como o medo e o nojo por exemplo.
A palavra emoção vem do latim (movere) que significa colocar em movimento, nesse caso, colocar em movimento de dentro para fora.
O sentimento é duradouro como por exemplo a culpa, insegurança, mágoa, entre outros e tem função valorativa, racional e consciente enquanto que a emoção é involuntária e primitiva. A emoção pode gerar o sentimento.
Jung em diversos escritos relata que as emoções são sinônimo de afeto e podem tomar posse do nosso ego por um certo tempo pois estariam constelando alguns de nossos complexos.
Se numa situação a nossa cabeça começa a ferver, o rosto queimar e o coração bater forte, significa que fomos tomados por alguma emoção e que algum complexo foi ativado.
Jung em sua psicologia analítica descreve três tipos de raiva:
·         A raiva arquetípica: Que é quando o espaço do ego é tirado, quando somos tolhidos, contrariados, ou quando algo nos é negado.
·         A contrariedade a auto alienação: Acontece quando a pessoa com baixa auto- estima constrói uma auto- imagem baseada em complexos e personas mas essa imagem não é real, quando essa é contrariada, desperta-se a raiva.
·         As situações em que nos colocamos, quando fazemos, ou dizemos algo que na verdade não estamos com vontade de fazer ou dizer, nos auto- sabotando e assim gerando a raiva.
Com a evolução social e cultural, o homem vem deixando de prestar atenção à sua linguagem interna e a sua biologia, tendo dificuldade em identificar corretamente a emoção no momento em que é vivenciada, por esse motivo, muitas vezes acaba precipitando ações que podem causar prejuízos a si mesmo e perdas sociais a longo prazo.
A raiva não é uma emoção ruim, ela mostra onde está a ferida, faz a pessoa agir, e é uma forma de defesa também. A emoção de raiva deve ser assumida e expressa pois quando há o embotamento, uma mágoa pode ser gerada, porém há diversas maneiras de expressar a raiva de modo favorável, sem gerar arrependimentos e a psicoterapia é uma ferramenta de auxílio muito eficaz nesse caso.
As crianças também devem ser orientadas a reconhecer e entender suas emoções, pois é saudável para o seu desenvolvimento. Se o adulto esconde suas emoções as crianças também irão embotar e isso não é bom.
Gritar, dizer palavrões e ofensas pode ser considerada uma liberação da tensão interna provocada por mudanças orgânicas que a raiva desperta, assim como fechar os lábios com força e mover os braços simulando ataque.
Algumas pessoas direcionam a raiva para si mesmas e a somatização nesse caso é inevitável.
Doenças diversas são geradas quando a emoção é represada, como hipertensão, alterações cardíacas, degenerações orgânicas, elevação da taxa de açúcar no sangue e câncer.
Para que se tenha benefício é muito importante interpretarmos situações e direcionarmos recursos de modo que a raiva seja transformada e estrategicamente utilizada como algo construtivo.
A ajuda de um psicólogo é fundamental nesse processo quando a pessoa não consegue sozinha.
Muitas pessoas alcançam o êxito como resposta a uma provocação, humilhação ou perseguição, utilizando a energia da raiva para se movimentar e lutar por uma vida ou um mundo melhor, para não ter mais que passar pela situação terrível.
Walt Disney por exemplo, passou por muitos maus tratos por parte de seu pai em sua infância, sofrimento contínuo e trabalho pesado, dirigiu ambulância para a Cruz Vermelha na Europa durante a primeira Guerra Mundial, anos depois criou seus primeiros personagens e foi roubado e sua resposta a toda essa difícil vivência foi a criação do espetacular personagem Mickey Mouse.
Portanto a raiva quando compreendida e expressa de forma correta, pode ser convertida numa força enorme capaz de mover o mundo!
 
Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica
CRP: 06/87036 SP
Contato: (11) 3446-8110 ou (11) 99825-6475
Facebook: Psicóloga Helen Sellmer
 
Referencias: DARWIN Charles. A expressão das emoções no homem e nos animais- São Paulo- Cia das Letras. 2009;
Como a mente funciona. São Paulo: Cia das Letras.1998
Fisiologia das emoções (Marino JR, R – SP – Savier, 1975
Estudos sobre  Psicologia Analítica. O. C. – Vol. 7 – Petrópolis, 1982

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Casamento

Em todo casamento há três mundos diferentes que são o seu, o do parceiro e o do casal. Para alimentar a relação, ambos precisam estar dispostos a fazer a conciliação desses três mundos, o que é um grande desafio.
Todo casamento tem potencial de favorecer o processo de individuação que é fundamental para o desenvolvimento humano, pois na psicologia analítica a individuação é o sentido da realização do si mesmo, porém individualidade é diferente de egoísmo. Ter autonomia dentro do relacionamento, preservar a individualidade e respeitar o espaço do parceiro é importante sim, mas caminhar junto é fundamental para a harmonia do casal.
Casamento também é flexibilidade e saber ceder, mas deve-se haver um cuidado em não exigir mudanças radicais do outro, pois cada um possui o seu limite e seus valores que precisam ser considerados sempre.
Um dos maiores inimigos num relacionamento é o controle, pois o controlador sempre exerce poder sobre o parceiro, mas onde há poder não há amor, um não cabe no mesmo espaço que ocupa o outro.
Num relacionamento tendemos a buscar no parceiro a compensação e completude de nós mesmos.
Quando não há consciência no relacionamento a respeito das nossas projeções, amamos a parte de nós mesmos que personificamos no outro, ou seja, amamos no parceiro características que nos são próprias.
 Nós nascemos com as expectativas de nossos pais que normalmente estão relacionadas com a vida que eles gostariam de ter vivido e muitas vezes nos pegamos agindo como nossos pais e seguindo dentro da nossa vida conjugal o modelo que tínhamos em casa quando solteiros. Inclusive, a figura que temos de nossos pais nos infuenciam na escolha de nossos parceiros e as feridas que temos relacionadas à convivência com nossos pais também influenciam, pois nos fazem buscar um caminho oposto ao que é valorizado por eles.
É importante citar nesse texto que os casais precisam se conscientizar de que a mulher escolhida como parceira num relacionamento conjugal, não irá desempenhar um papel mágico de mãe e o homem também não vai ser um mestre ou herói salvador.
A união do casal começa com a paixão, porém essa esfria e quando isso acontece ambos começam a perceber os defeitos um do outro, as divergências, decepções e então surgem os problemas que somente tem solução quando o casal se coloca disposto a “encarar” sua própria sombra interior, reconhecer suas próprias imperfeições, sair da posição de vítima num casamento infeliz e assumir a sua parcela de responsabilidade para o sucesso ou insucesso da relação além de abrir mão da idealização ou desejo de viver uma vida de conto de fadas.
Quando há um conflito é fundamental que o casal tenha intimidade para se abrir e contar como se sente diante do obstáculo e saber ouvir e considerar os sentimentos do parceiro também, cultivar o hábito do diálogo e a percepção, o olhar para com o parceiro afim de, sentir as necessidades dele além de evitar transforma-lo em um devedor.
Silenciar diante de um problema para evitar o conflito não é saudável, pois a questão fica latente e pode vir à tona mais tarde de uma maneira destrutiva para ambos.
No consultório é comum nos depararmos com situações em que um dos parceiros se sente invadido com o comportamento dos familiares do cônjuge e nesse caso é fundamental que o casal dialogue de maneira respeitosa, deixando abertura para que seja exposto o quanto a interferência dos familiares está afetando a relação e incomodando o parceiro. Durante o diálogo o posicionamento muito “defendido” pode ser prejudicial, portanto desarmar-se diante do parceiro é sempre favorável para a conciliação.
A confiança deve ser á base de todo relacionamento assim como a criação de uma espécie de ”blindagem” em que os acordos combinados do casal sejam colocados em primeiro lugar. Nesse campo entram também assuntos relacionados a filhos, finanças, organização da casa, regras e todo tipo de decisão importante. Lembrar-se de sempre propor ao invés de impor é saudável assim como perceber as diversas maneiras em que o parceiro expressa seu amor que muitas vezes não é dito com palavras.
Antes de entrar num relacionamento a pessoa deve fazer um mergulho para dentro de si afim de, perceber como está a sua relação consigo próprio, como está sua autoestima, como é ficar sozinho, assim como perceber quanto comete de auto sabotagens e que lugar acredita que seja merecedor de ocupar na vida particular e dentro de uma vida conjugal, pois as relações destrutivas acontecem quando tratamos a nós mesmos de maneira destrutiva.
Autorizar a felicidade no casamento é uma responsabilidade de ambos!

Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica
CRP: 06/87036 SP
Contato: (11) 3446-8110 ou (11) 99825-6475

Vídeo retirado da internet

Referencia: Carotenuto, Aldo. Amar, Trair: São Paulo: Paulus, 1997;
Jung, Carl Gustav. O Eu e o Inconsciente, Petrópolis, Vozes, 2008b; 
Amor Líquido – Bauman Zigmund

domingo, 4 de setembro de 2016

Sonhos e seus Símbolos


Muitas pessoas possuem o hábito de consultar um dicionário de sonhos para decifrar o simbolismo daquilo que sonhou durante seu sono, porém os símbolos dos sonhos são diferentes para cada pessoa, são manifestações espontâneas da nossa psique e os símbolos fazem referência ao momento em que cada pessoa está vivendo.
Os sonhos podem até ser comuns entre as pessoas, mas os significados são diferentes para cada um, os símbolos não podem ter características meramente estatísticas como sugerem os populares dicionários de símbolos.
A técnica de analisar sonhos é bastante utilizada por psicólogos analistas de orientação Junguiana, pois estudamos que os sonhos nos mostram conteúdos do inconsciente que são manifestos através de símbolos, ou seja, funcionam como sinalizador, revelam problemas, conflitos, potenciais, desejos latentes, assim como criatividade e contribuem com idéias e soluções.
Alguns sonhos trazem fragmentos do nosso dia a dia e esses são considerados sonhos pequenos que manifestam apenas situações vividas no cotidiano.
 Outros sonhos são originários do inconsciente mais profundo ou inconsciente coletivo e são cheios de significados. Quando a pessoa tem esse tipo de sonho, normalmente ela fica pensando, tentando entende-lo e não o esquece, esses parecem muito reais e emocionam.
Existem sonhos chamados de redutores, que depreciam a pessoa, pois essa o leva ao “pé da letra” confiando excessivamente no que sonhou, outros sonhos são reativos, pois estão relacionados a revivência de acontecimentos traumáticos que o sonhador não elaborou.
Muitas vezes os sonhos tem características compensatórias, no sentido de que fazem a reposição de algo que falta para o sonhador, por exemplo, se a pessoa está desempregada pode vir a sonhar que trabalha em uma grande empresa.
Nos sonhos temos cenas e personagens fantásticos, imaginários, o tempo e espaço são diferentes do que está na nossa consciência, sua linguagem é simbólica e a associação do que aparece no sonho vai depender da experiência vivida pela pessoa, por exemplo, um túnel que aparece num sonho pode não ser simplesmente um túnel, mas sim tudo o que o sonhador associa ao túnel.
As ligações que a pessoa fizer entre as imagens oníricas são o que o levará ao complexo reprimido no inconsciente.
Todas as pessoas sonham todas as noites, porém o que acontece é que muitas vezes não lembramos e hoje em dia a compreensão dos simbolismos se tornou pouco explorada, pois o homem vive mais conectado com o racional, diferente do que acontecia no passado.
Para que seja efetuada uma boa interpretação dos sonhos, é interessante tomar nota deles, portanto é recomendado que seja deixado ao lado da cama sempre um caderno e uma caneta para que os mesmos sejam anotados assim que acordar e vale ressaltar que um sonho seguinte pode completar o sonho anterior.
As vezes as pessoas sonham com tragédias e acreditam que pode ser premonição, porém esse tipo de sonho pode significar tragédias internas, conflitos, lutos, que estão sendo vividos pelo sonhador e não necessariamente são premonitórios de um acontecimento trágico na vida.
Jung cita em sua obra que “Os sonhos dão informações muito interessantes a quem quiser compreender seu simbolismo” e descobriu em seus pacientes um rico material produzido por fantasias dos sonhos, então Jung começou a apontar uma imagem ou associação do sonho em tarefas que dava aos seus pacientes através da dramatização, arte e até acústica e dança.
É fundamental que o analista ouça o que o paciente pensa sobre o que sonhou e que não faça pré julgamentos.
A proposta da análise dos sonhos é proporcionar que o paciente entenda aspectos psíquicos que precisa desenvolver, assim como os obstáculos que precisa transpor em seu processo de individuação.
Todo sonho tem um propósito, pode ser útil para transformar uma situação acrescentando algo que falta na consciência tornando a pessoa mais equilibrada, livre e íntegra consigo própria.


Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica – CRP: 06/87036 SP
Contato: (11) 3446-8110 e (11) 99825-6475

 
Fonte: JUNG, C. G. (1961) – Memórias, Sonhos e Reflexões.
BEIN, Carlos – O sono paradoxal e o processo de individuação. Jung e Corpo.
STEIN, Murray – O mapa da alma.

sábado, 13 de agosto de 2016

A importância do Pai


Até o final do século passado, a função do pai na vida de seus filhos tinha um caráter muito voltado ás questões da educação, disciplina e suporte financeiro, porém com a evolução social e cultural o distanciamento vem diminuindo, e apesar do acúmulo de tarefas e exigências do cotidiano, os pais estão cada vez mais conscientes da importância da sua figura presente e participativa na vida de seus filhos, assim as demonstrações de amor e carinho deixam de ter o significado de fragilidade como eram conceituadas antigamente.
 O pai presente e afetivo funciona como uma ponte entre o mundo interno e externo da criança, pois com isso ela desenvolve maiores habilidades exploratórias e sociais, além de que, a simples presença do pai introduz um fator de separação entre mãe e criança que é sadio para o desenvolvimento.
O arquétipo paterno na visão analítica está relacionado ao desenvolvimento da consciência e está no grupo dos arquétipos masculinos de Velho Sábio e Herói.
O pai que acaricia e ouve o seu filho desperta nele a descoberta para a sensibilidade e humanização que auxilia na construção da autoestima, além de promover aproximação e admiração por parte dos filhos.
É fundamental a percepção de que sensibilidade e humanização também pertencem ao masculino e deve ser manifesto.
 
 “Um pai presente é como a luz que guia o peregrino durante sua longa jornada, ajuda a escolher o melhor caminho, oferece o conforto e calor, dá abrigo e segurança nos momentos mais difíceis da vida.
A todos os pais gratidão por reconhecerem em si a importância de serem essa luz na vida de seus filhos” (Luis Alves)
 
 Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
  Psicóloga Clínica – CRP: 06/87036SP
  Contato: (11) 3446-8110 e (11) 99825-6475

domingo, 7 de agosto de 2016

Transtorno Obsessivo Compulsivo


O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é um transtorno de ansiedade e segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) o diagnóstico se dá através dos sintomas obsessivos e atos ou pensamentos compulsivos presentes continuamente por pelo menos duas semanas, repetidos desagradavelmente.
O ritual compulsivo surge como uma maneira que a pessoa encontra de aplacar a ansiedade e fugir de uma angústia. É um processo de repetição em que se perde a autonomia e a liberdade.
Os atos compulsivos provocam alívio momentâneo da ansiedade e angústia, por esse motivo a pessoa se torna prisioneira voltando a repetir  por vezes contra a sua vontade consciente, sempre que a ansiedade retorna.
As compulsões causam estresse e vem acompanhadas dos sentimentos de culpa, medo e tristeza, podendo levar a depressão.
Algumas pessoas acham que se não realizarem o ato compulsivo, algo ruim pode vir a acontecer em sua vida. Existe por exemplo, quem acredite que se não lavar as mãos determinadas vezes no dia podem ser acometidas por um acidente.
Há diversas formas de compulsão como por jogos, por compras, álcool, drogas, substâncias psicoativas de forma geral, compulsão alimentar, sexual entre outras.
A compulsão atrapalha muito a vida das pessoas, pois as mesmas passam a usar a fonte de prazer como as compras, alimentação, sexo, etc, como  alívio do que está incomodando internamente, porém esse alívio é momentâneo então a pessoa começa a ter problemas nas suas relações sociais, prejuízos financeiros, diminuição da produtividade, negligencia a atenção com a família e outros, pois sua mente fica com o foco na obtenção do prazer e ato compulsivo que é sua gratificação.
Quem sofre deste sintoma muitas vezes demora a se dar conta, negando as suas compulsões e vindo a percebê-las apenas após se depararem com sérios prejuízos. Muitos correm riscos para satisfazer a compulsão, como por exemplo, no caso da sexual.
Num outro exemplo, na compulsão alimentar (Transtorno Alimentar) há uma busca de preenchimento para o vazio, os anseios, conflitos e medos. 
Segundo a perspectiva Junguiana, a compulsão acontece numa tentativa de regulação da psique.
Quando a pessoa não faz a elaboração psíquica referente ás suas transformações sociais, emocionais e sentimentais ela é submetida a um estado de tensão e excitação que é incapaz de dominar.
Normalmente a compulsão acomete pessoas que são muito rígidas, autocríticas e inflexíveis. Com o aumento das exigências no nosso dia a dia, a quantidade de ocorrências desse problema que causa tanto sofrimento vem aumentando.
A boa notícia é que existe solução para esse transtorno que merece toda a atenção.
O sofrimento não é necessário e pode ser eliminado se houver a busca de um tratamento psicoterapêutico associado com o tratamento medicamentoso que em alguns casos se faz necessário com acompanhamento de um médico psiquiátrico.
É muito importante para o desenvolvimento, tomar a consciência das prisões que nos colocamos na vida e ter coragem de tomar atitude e explorar caminhos e recursos para a libertação.  

Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica – CRP: 06/87036SP
Contato: (11) 3446-8110 e 99825-6475

 
Fonte: Organização Mundial da Saúde
Jung na era das catástrofes – Laplanche e Pontalis, 1999

domingo, 3 de julho de 2016

Amor Patológico

O amor patológico é uma doença em que a pessoa se torna dependente do outro como se ele fosse responsável por completar uma parte necessária para a sua sobrevivência.

Os critérios diagnósticos para o amor patológico são semelhantes aos da dependência química. Quando o parceiro está fora do controle da pessoa que sofre deste tipo de amor ele tem uma espécie de abstinência, um vazio muito grande.

 A pessoa que sofre de amor patológico perde a sua individualidade, prejudica os seus vínculos com familiares, amigos e trabalho pois passa a viver o mundo do parceiro e pensa que precisa dele para existir, tem o desejo de apossar-se do sentimento do outro e mantê-lo sob controle, presta cuidados excessivos com a intenção de obter afeto, é carente, exigente, intenso e tem um medo enorme de perder o parceiro.

As principais estratégias utilizadas por quem sofre desse amor patológico para manter o outro sob controle são ligações telefônicas constantes, interrogatórios sobre as atividades dele, atenção extrema, perseguições e necessidade de provocar ciúmes.

Esse tipo de amor doentio é vivido por pessoas que possuem baixa autoestima e são marcadas pelos sentimentos de rejeição e raiva. São pessoas que provavelmente foram criadas em ambientes hostis, em famílias desajustadas, com pouca atenção e carinho dos pais.

Alguns pesquisadores apontam que esse amor possessivo surge quando na infância a pessoa tem uma relação insegura com a mãe, sofrendo de ansiedade de separação, ou seja, a pessoa não sente a mãe presente e atenciosa lhe apoiando, por vezes se sente rejeitada, então a criança nunca sabe se a pessoa amada estará presente ou ausente em sua vida, não se sente importante o suficiente para que alguém a considere verdadeiramente e por isso está sempre na expectativa da perda. O homem que não tem a mãe presente na infância, tende a se tornar um apaixonado desenfreado, fazendo de sua mulher a deusa da fonte de amor, trata-se de uma transferência de um complexo materno.

Ser rejeitado por um amor é uma das experiências mais dolorosas da experiência humana. 

Na nossa vida passamos por muitas frustrações e não ter o amor correspondido pode ser uma delas, mas isso deve ser entendido como algo normal na vida, um obstáculo a ser superado e resignificado após a vivencia do luto, porém quando o sofrimento se torna excessivo e obsessivo é sinal de que o amor sentido é patológico e se deve procurar ajuda.

O amor é um sentimento gostoso, construtivo, tem um caráter generoso e libertador.  O amor patológico é o oposto disso, ele é angustiante e leva a pessoa a perseguir o outro como um objeto à ser consumido.

Amor não é sofrimento e o amor não tira, mas sim acrescenta na nossa vivencia. 

Ninguém é dono de ninguém e temer o abandono pode ser justamente o que vai levá-lo ao abandono, pois o excesso de cuidados faz com que o outro se sinta sufocado e desrespeitado, desgastando assim o relacionamento.

O amor em mim e por mim é o amor que acredito que mereço e vou receber do outro.

O primeiro passo para a cura é a conscientização do problema e o tratamento em psicoterapia é um recurso essencial que irá aliviar os sintomas que estão presentes, provavelmente desde a infância.

Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica
CRP: 06870/SP
Contato: (11) 3446-8110 e (11) 99825-6475


 Fonte: Ciência e Vida

domingo, 5 de junho de 2016

Perdão

Por toda a nossa vida passamos por uma sucessão de problemas e sofrimentos, estamos inseridos em um meio social e dependemos das relações interpessoais, passamos por pressões e sentimos o impacto das injustiças que são cometidas conosco e também com pessoas que são próximas a nós, portanto a mágoa, raiva e outros sentimentos negativos se tornam inevitáveis diante dessas adversidades, mas perdoar  nos leva a paz pois é uma atitude de resiliência que preserva a nossa saúde física e mental.
Perdoar muitas vezes não é tarefa fácil e alguns precisam de um tempo para conseguir, porém é importante colocar empenho em abrir pelo menos uma fresta da porta para que o perdão venha a acontecer.
O perdão está ligado às emoções positivas que devemos cultivar para que não sejamos infelizes.  Ao lembrarmos da mágoa que o outro nos causou, fazemos um resgate de todas as emoções negativas que já experimentamos quando o fato aconteceu e esse processo pode se tornar um círculo vicioso por anos  e o fato não é esquecido nunca fazendo assim com que o cérebro fique preso na questão que gera obstáculos para o progresso, desgaste físico e emocional, além de levar à depressão e alterações no sistema imunológico que acarretará no aparecimento de doenças.
Não adianta ficar sentado, esperando que um dia de forma mágica as emoções negativas desapareçam, a instalação da amargura precisa ser evitada e para isso é necessário ressignificar o que passou mas não quer dizer apagar o fato acontecido, nada apaga as lembranças ruins, mas quando procuramos dar um novo sentido para o passado conseguimos nos diferenciar e entendemos que a raiva, ressentimento, ódio, são forças que podem se transformar em luz para nós mesmos.
Perdoar não é um ato passivo, muito pelo contrário. Perdoar é um dom que envolve tomar algo de si mesmo e dá-lo ao outro para que lhe pertença e essa é uma atitude íntima e transcendente (Perdoar = Doar).
A sede de vingança enfraquece a serenidade e o raciocínio coerente, leva a uma falsa satisfação além de ser um ato de imaturidade.
A psicoterapia pode auxiliar o paciente no processo do perdão, pois é uma importante ferramenta de auto conhecimento e transformação.
Em psicoterapia o paciente relata o seu sofrimento e tudo o que estava oculto até então e já nesse movimento acontece uma mudança na energia psíquica e o paciente já não se sente sozinho.
Depois do relato, vem à descoberta de possibilidades e potencialidades, um entendimento do que causou o sofrimento, fraquezas e emoções.
Num terceiro passo, o paciente começa a agir e se preparar para assumir uma nova atitude perante a vida e assim acontece a individuação e crescimento.
Um diálogo entre consciente e inconsciente acontece em psicoterapia, assim como a busca por soluções e o processo de cura se torna atingível e consciente para o paciente.
Existe um método criado por Everett Worthington (Psicólogo que pesquisou sobre o perdão) que auxilia muito aos que desejam perdoar.  Nesse método, Everett aborda que para facilitar o perdão é preciso procurar não dar ênfase ao acontecimento, recordar a ofensa sem potencializá-la e respirar profundamente quando estiver recordando.
Pensar do ponto de vista da pessoa que lhe causou o dano, quais os motivos que o levaram a cometer tal ação.
Lembrar-se dos momentos em que se sentiu culpado e foi perdoado.
Afirmar para si mesmo que pode ficar acima da mágoa, rancor e vingança e pensar quais os benefícios que serão proporcionados ao seu corpo cultivando os sentimentos negativos.
Convido a todos os leitores deste artigo a pensar que todos nós temos limitações e que podemos também aprender e evoluir muito com as ofensas e injustiças que nos acontecem, pois através delas adquirimos ferramentas que nos preparam para a vida e nos humanizam.
“Somente aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos“ – Carl G. Jung.

Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica
Contato: (11) 3446-8110 e (11) 99825-6475


Fonte: Processo REACH – Everett Worthington Jr.

domingo, 8 de maio de 2016

Mãe na Modernidade


Escolher ser mãe nos dias de hoje requer coragem, determinação e administração.
Dificuldades sempre existiram em todas as épocas, porém eram outras e diferentes dos desafios que existem nos dias atuais, pois a mulher hoje vem cada vez mais se desenvolvendo profissionalmente e adquirindo independência econômica.
Na medida em que, os anos passam a cobrança da mulher aumenta sendo ela responsável por suprir as necessidades afetivas e materiais de seu filho, assim como a educação dos mesmos, além de conciliar outras funções entre tarefas domésticas e vida profissional, portanto as mães modernas contam cada vez mais com a ajuda de avós, babás e escolas de período integral.
Maternidade é responsabilidade eterna e um caminho constante de aprendizado.
Hoje muitos filhos estão “trocando” de lugar com suas mães, pois muitas mães e pais também não conseguem imprimir autoridade e limites, além de tentar substituir a presença física, o tato, o brincar, a troca de afeto e carinho, o olhar, por iphones, tablets e outras coisas materiais. Com isso, o ensinamento que fica é que é mais importante TER do que SER.
Ser mãe é uma construção social que se estabelece na relação com o filho e envolve mudança de valores, portanto é preciso encontrar o equilíbrio na conciliação das tarefas para que não sejam gerados conflitos e estresse para ambos.
Vale citar também que é preciso que as mães se preparem para o crescimento de seus filhos, pois eles irão fazer suas escolhas e construirão suas vidas como acharem melhor, portanto refletir sobre o que você pretende fazer quando seu filho crescer é importante.
Tudo na vida é uma questão de escolha e ter a experiência de ser mãe principalmente nos dias de hoje, não é uma tarefa simples, mas é um desafio fascinante.
Parabéns a todas as mamães!!!

 "Ser mãe é viver um amor absoluto, diariamente, numa entrega total e permanente a um outro, que não eu.
É um contínuo desvendar, de um novo mundo cativante, numa viagem ondulante de inquietação e calmaria.
É um estar sempre presente e um doar quase infinito, capaz de transcender o racional.
É procurar compreender o incompreensível, receber a novidade, a diferença e a estranheza.
É assumir uma dimensão imensa de aconchego, tentando simultaneamente promover a autonomia, e deixar ir.
Ser mãe é um permanente desafio e acima de tudo uma dádiva eterna.” (Joana Florido)

 Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
  Psicóloga Clínica
 Contato: (11) 3446-8110 e (11) 99825-6475

terça-feira, 3 de maio de 2016

Procrastinação


Você tem o hábito de adiar seus compromissos e suas tarefas?
Esse artigo tem por objetivo esclarecer sobre o tema da procrastinação.
Procrastinar vem do latim e significa adiar, deixar para depois.
Procrastinar é diferente de “enrolar”, há pessoas que tem um tipo de personalidade em que demoram mesmo para começar algo, mas a procrastinação gera angústia e ansiedade, trata-se de um distúrbio psicológico comportamental, em que a pessoa tem o hábito de adiar o que tem para fazer. A procrastinação prevalece naquilo que é “dever”, ou seja, naquilo que a pessoa tem por “obrigação” cumprir, pois se gostamos da tarefa e sentimos prazer em executá-la, a tendência é não adiarmos.
Adiar uma coisa ou outra é normal, mas quando se torna um hábito é recomendado que a pessoa procure por ajuda psicológica para administrar esse problema que gera grande sofrimento.
A procrastinação acomete pessoas de todas as idades, são pessoas que tem dificuldade de realizar os objetivos ou vão acumulando tarefas até muitas vezes deixar de cumpri-las.
Por exemplo, digamos que você se programa para estudar para uma prova e tem uma apostila para ler durante sete dias, então você faz um cálculo de ler uma parte dela por dia, mas se adiar a leitura no primeiro dia, no seguinte terá acumulado a parte do dia anterior e do dia presente, com isso você já se sentirá desmotivado e se vier a adiar novamente, terá acumulado três partes, potencializando assim seu desânimo até que chega um ponto que não deseja ler mais nada.
Num outro exemplo, você tem um prazo de trinta dias para fazer sua matrícula em um curso, mas vai deixando para depois, adiando até que resolve fazer a matrícula no último dia ou chega a perder o prazo.
Algumas pessoas adiam determinadas tarefas, mas nesse meio tempo acabam executando outras que também estavam “paradas”, então escolhem fazer algo diferente no lugar daquela tarefa que precisava fazer.
Jung desenvolveu os tipos psicológicos e entre eles existe o intuitivo, que é aquela pessoa que está sempre na expectativa do que virá. A pessoa intuitiva, não se adapta bem a rotina, portanto tem mais dificuldade em se programar e cumprir o que é pré determinado.
Algumas sugestões podem ajudar a amenizar a procrastinação:
ü  Observe em que período do dia você rende mais para a execução de suas tarefas;
ü  Organize um ambiente agradável para a execução daquilo que é compromisso (Algumas pessoas, por exemplo, gostam de ouvir música enquanto trabalham);
ü  Elimine estímulos que te distraiam daquilo que precisa fazer;
ü  Faça uma lista das tarefas que precisa executar e escolha uma por vez, sem se colocar no dever de ter que cumprir todas e não pense muito para começar a fazer o que precisa;
ü  Estabeleça um prazo da melhor maneira que lhe convier desde que seja mais curto que o estipulado para a finalização;
ü  Se for preciso, divida a tarefa em partes.
A análise psicoterapêutica poderá auxiliar a pessoa a se conhecer, conhecer o seu ritmo e administrar a procrastinação.
Reflita sobre o que dói menos: executar a tarefa ou adiá-la?
Seja favorável a você!

Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica
Contato: (11) 3446-8110 e (11) 99825-6475

Fonte: Carlos São Paulo – Instituto Junguiano da Bahia

terça-feira, 12 de abril de 2016

Quem Cala Sente!

Você é o tipo de pessoa que expressa espontaneamente o que você está pensando e sentindo?
 Muitas pessoas reprimem os seus sentimentos por receio de desagradar alguém, não ser aceito, para não se expor ou até na intenção de evitar conflitos.
Mesmo tendo uma opinião divergente, muitas pessoas preferem não expressar, porém esse silêncio acaba gerando muitos conflitos interiores, desconforto e culpa.
A palavra não expressada não é digerida, fica ”entalada” e ocasiona uma série de consequências negativas, pois o corpo encontra uma, outra maneira de expressar o sentimento reprimido, então o silenciar pode desencadear somatizações como:
·         Estresse;
·         Problemas estomacais;
·         Perda de Cabelo;
·         Agressividade;
·         Depressão;
·         Asma;
·         Ansiedade, etc.
É preciso pensar que o silencio também é revelador, tão revelador quanto falar sobre o sentimento, pois quem cala fica com a sensação de ter engolido um sapo e a linguagem corporal pode vir a demonstrar essa frustração e o outro também percebe que a pessoa que calou não expos tudo o que gostaria.
Para Jung, reprimir os sentimentos dá mais força à eles, possibilitando a formação de complexos.
O sentimento de raiva, por exemplo, quando fica guardado por muito tempo se potencializa e pode vir a ser expressado de uma maneira inadequada e desfavorável depois , enquanto que se o sentimento for reconhecido e admitido logo, pode vir a ajudar  a pessoa a se construir através deste .
Identificar os sentimentos é muito importante, assim como entrar em contato com eles é um ato de coragem!
Segundo Jung, impulsos autodestrutivos e sentimentos socialmente inaceitáveis fazem parte da natureza humana e os conteúdos que negamos ficam em nossa sombra.
Nossas emoções são a forma como expressamos nossa percepção e essas precisam ser respeitadas.
Todas as pessoas, tem o direito de ter sua própria opinião, conceito, valor e anseio e reprimir sentimentos significa negar isso.
Muitas pessoas negam seus sentimentos até para si próprias, escondem a sua verdade e escolhem sofrer caladas impulsionadas pelo medo de desagradar e vir a perder o afeto daquela pessoa a qual ela irá contrariar ou para proteger o outro da frustração.
As pessoas que estão vivenciando um relacionamento abusivo também tendem a se calar.  Um relacionamento abusivo se dá quando um dos lados usa seu poder seja ele físico, psicológico ou emocional para controlar o outro e assim o coloca também diante de situações humilhantes e constrangedoras, usando da superioridade, possessividade, chantagem emocional e manipulação.
O problema de expressão verbal pode ter inicio na infância, quando começamos a construir a base dos nossos relacionamentos.
Se a criança é criada em uma estrutura em que não há muito diálogo em casa, em que os pais tem, pouco tempo ou disposição para lhe ouvir, se a criança convive com pessoas que se  irritam facilmente,  ela pode incorporar o conceito de que o que tem a dizer não é importante e enfurece os outros.
Tanto homens como mulheres, crianças devem de alguma maneira exercitar a expressão dos sentimentos sem pensar que isso significa demonstrar fragilidade.
Quando a boca cala o corpo fala. Quando a boca fala o corpo sara!

Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica – CRP: 06/87036 SP
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