domingo, 31 de janeiro de 2016

Fobia


Fobia é um medo exacerbado, desproporcional e irracional que dura mais tempo que o medo normal, provoca uma ausência de controle fazendo com que a pessoa queira evitar a qualquer custo á situação que lhe causa medo.

Ter medo é natural e faz parte do nosso instinto de sobrevivência, porém a fobia pode causar perdas e limitar o sujeito fóbico em suas ações.

A diferença entre fobia e medo é o tempo de duração e sua intensidade.

Na mitologia, Fobia vem de Fobos que era filho de Ares e Afrodite. Fobos acompanhava seu pai no campo de batalhas e incitava os combatentes a fugir (Lefevre,1976).

As reações do medo podem ser de enfrentamento, fuga ou entrega e a pessoa que sofre deste distúrbio tem um aumento na produção de adrenalina, seu ritmo cardíaco se altera, assim como sua respiração, a pessoa sente tremores musculares, hiperatividade, sua parte motora e cognitiva ficam desorganizadas, a pessoa tem dificuldade de pensar na hora do medo, tem sudorese, tontura, visão embaçada, palpitações, falta de ar e muitas vezes se sente “travada”.

Outros sintomas que podem ser apresentados pelas pessoas que estão sofrendo de Fobia são o choro, diarreia, vômito e desmaio.

A primeira base da Fobia sempre é a ansiedade que aparece de forma intensa.

Há várias denominações de Fobia, a mais comum é a Fobia simples ou específica, que são medos intensos de situações como: estar na presença de animais, dentistas, determinados objetos, etc.

Outro tipo de Fobia é a social em que a pessoa sofre de um medo persistente de situações sociais como falar ou comer em público, ir a lugares em que pode encontrar pessoas conhecidas, dar entrevista de emprego, etc.

Neste caso a pessoa fóbica coloca muita importância na opinião dos outros, ela projeta no olhar do outro (imaginário) que está sendo examinada ou criticada, fica preocupada com o que as pessoas podem estar pensando a seu respeito.

A Fobia social é diferente da timidez, pois o grau de comprometimento e intensidade nos campos sociais e profissionais são maiores.

A Agorafobia é o medo exacerbado por espaços amplos onde possam ter aglomerados de pessoas, como por exemplo, estádios, cinemas, supermercados, congestionamentos, etc.

A claustrofobia é o medo de ficar preso em espaços fechados como elevadores, aviões, salas, túneis, etc.

Existe um número enorme de subtipos de Fobias que são classificadas de acordo com o objeto ou situação que as causam, porém as descritas acima são as mais comuns de serem apresentadas em consultório.

De modo geral, quando a pessoa passa pela situação que lhe desencadeia a Fobia, a ansiedade se eleva e ela enfrenta um grande sofrimento. Quando ela foge da situação a ansiedade diminui e isso reforça sua tendência à fuga.

Toda Fobia deve ser tratada em psicoterapia, pois a autoestima da pessoa que sofre deste problema pode ser abalada e assim vir a gerar inclusive a depressão.

Na análise Junguiana, a Fobia é tratada com imaginação ativa que é uma técnica de diálogo com o inconsciente. Por exemplo, no caso de uma pessoa que sofre de medo do elevador, entendemos que ela está projetando algum elemento na imagem do elevador, então com o trabalho da imaginação ativa, a projeção é retirada e o elevador do qual o fóbico tinha medo, passa a ser somente o elevador que é um meio de transporte.

É importante que sejam identificados e trabalhados os pensamentos distorcidos, inclusive relacionados a situações catastróficas que o fóbico tende a prever quando se aproxima do objeto ameaçador.

Além da técnica de imaginação ativa, também utilizamos como tratamento o relaxamento, controle da respiração entre outros.

Segundo Jung, todo sintoma é uma tentativa de auto cura do corpo, portanto o enfrentamento e a busca por ajuda de um profissional capacitado são fundamentais para que o “medo do medo” seja resignificado.
 
Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica – CRP: 06/87036 SP
Contato: (11) 3446-8110 e (11) 99825-6475


Fonte: Lefevre, 1976;
Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais – Paulo Dalgalarrondo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Porque as pessoas mentem ?


Contar histórias falsas de maneira recorrente é uma doença conhecida como Mitomania ou Pseudolalia.

A Mitomania ou Pseudolalia está ligada ao funcionamento psíquico e trata-se de uma compulsão (Impulso irresistível de realizar determinado ato).

Em consultório de psicologia é comum recebermos pessoas sofrendo com mentiras de namorados, maridos, filhos, amigos, etc. É preciso saber que todas as pessoas contam mentira, porém essa se torna patológica quando não se tem controle desse impulso.

Em alguns casos o comportamento de mentir se torna tão habitual que aquele que a pratica passa a não mais refletir a respeito, mentindo cada vez mais. É um ato inconsciente, diferente do caso de um estelionatário, por exemplo, que tem consciência de que o que está fazendo é errado.

Há pessoas que gostam de “contar vantagens” perante amigos, namorados, familiares e ás vezes exageram no que estão contando com a finalidade de impressionar, esse comportamento é considerado normal. O Pseudolálico se perde de si próprio e vive em um mundo imaginário, costuma tanto a mentir e inventar que acaba se perdendo criando uma realidade paralela em que acredita, por exemplo, se alguém diz “Fui á praia!” a pessoa que sofre de Pseudolalia automaticamente diz algo maior, do tipo “Fui á praia no Nordeste e mergulhei com tubarões!”.

Mentiras até certo ponto são ferramentas utilizadas para evitar situações que vão causar dor, existe a mentira utilitária, compensatória, ou aquela que é dita com a finalidade de proteger. Mentir pode ser também uma forma de fugir do controle de alguém que o ameaça, uma maneira que a pessoa encontra de se sentir melhor diante de suas fraquezas, seja qual for á intenção da mentira, existe o propósito de enganar e isso não é bom.

Algumas pessoas mentem com frequência, mas não acreditam em suas mentiras e tem as que acreditam que suas mentiras são verdades. No primeiro caso a mentira ocorre por conta das experiências pessoais que fazem com que a pessoa venha a achar que mentir é melhor do que dizer a verdade, já o segundo caso reflete um sério transtorno psicológico.

Por trás de toda mentira, existe uma razão, quem sofre desse problema tem dificuldade de lidar com sua realidade e tem baixa autoestima.

Se a pessoa inventa situações o tempo todo, precisa pensar nos motivos que a faz se sentir inferior aos outros ou então pensar se está agindo assim para fugir de alguma responsabilidade, pensar se a verdade lhe causa medo, se está mentindo porque acha que se falar a verdade não será aceito ou que irá gerar no outro um comportamento aversivo ao qual não conseguirá administrar, se está mentindo para ”maquiar” uma realidade difícil, enfim, os motivos que desencadeiam a Mitomania ou Pseudolalia são muitos, podem estar ligados a um histórico de conflitos familiares, insegurança emocional, traumas, carência e até depressão

O Pseudolálico pode ter sido vítima de uma educação rígida, autoritária e julgadora em que não teve espaço para expor seus pensamentos e sentimentos, sendo tolhido de reconhecer sua autenticidade.

As pessoas tendem a se afastar de quem mente constantemente, porém é preciso que esta receba ajuda, que seja feita sua reinserção social aos poucos trazendo a pessoa à sua realidade com compreensão, sem punição ou constrangimento.

A análise terapêutica irá trabalhar as causas do problema, a autoaceitação, autoestima e o fortalecimento do self (Eu), portanto a busca por uma ajuda psicológica é fundamental.

O tempo de duração da mentira é o tempo da chegada da verdade e a verdade liberta e preenche o desejo de estabilidade do homem.

A verdade é o porto seguro em meio ao mar revolto.

O sentido da vida é a evolução, somos todos formados por polaridades, somos o bem, o mal, o certo, o errado, a luz e a sombra e despir-se das ilusões que muitas vezes criamos sobre nós mesmos requer coragem e essa coragem é encontrada quando o olhar se volta para dentro de si próprio.

“Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta!” (Carl G. Jung).

Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica – CRP: 06/87036 SP
Contato: (11) 3446-8110 e (11) 99825-6475

 
Tipos Psicológicos. Carl G. Jung. Petrópolis. Vozes (1991)

domingo, 10 de janeiro de 2016

Auto Estima e Motivação


”Em todo adulto espreita uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo e que solicita cuidado, atenção e educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa” (Jung 1981).
A motivação e autoestima são elementos essenciais para uma vida saudável e numa visão profunda, tem relação com o valor ou dignidade que uma pessoa atribui a si mesmo.
Hoje, em estudos na área da psicossomática, temos a confirmação de quanto ás emoções destrutivas, a baixa autoestima e a falta de motivação para a vida estão sendo a causa de adoecimento, gerando assim sofrimento para tantas pessoas.
A autoestima se forma a partir das primeiras experiências afetivas que as crianças estabelecem com os pais desde o nascimento. Entre os 03 e 05 anos de vida, a criança evolui para a consciência de si própria e daí surge à psique individual, sendo, nessa fase, fundamental que a criança viva relacionamentos saudáveis em ambientes saudáveis. (Jung – O desenvolvimento da personalidade -1981).
A autoaceitação, autoconfiança e amor próprio é que formam a autoestima, mas, para que isso aconteça primeiro é necessário que a criança aprenda a confiar, aceitar e ser aceito, amar e ser amado em seu ambiente familiar. A falta de amor na primeira infância gera um vazio que leva a pessoa a sempre procurar satisfação no externo, ou seja, fora de si e assim se torna engessada pela vergonha, ansiedade, culpa e perante a vida, sentindo-se sempre inadequada, impotente, paralisada ou compulsiva, passando a desenvolver movimentos de autodepreciação, o que talvez possa ser relacionado á situação alienante em que vive hoje o homem contemporâneo, na qual é tomado pelo desejo de poder, competitividade e consumismo. Com isso, o que predomina é o egoísmo que gera o medo e a angústia, interditando o surgimento do entusiasmo.
O sentimento de “poder” não necessariamente está ligado à autoestima, pois o poder é antagônico ao amor, onde está um não está o outro e então surgem os conflitos neuróticos e a ameaça de fracasso existencial.
A baixa autoestima pode levar a pessoa a desenvolver relações de poder como compensação.
O conceito de servir é que leva o homem a “ser”, assim como também o religar-se ao sagrado, pois a fé traz sentido e significado para a existência.
Para falar de autoestima é preciso citar também que existe em nós a Sombra (Imagem reprimida de nós mesmos, que queremos manter afastada da consciência) e a Persona (Adaptações que fazemos para nos adequarmos à sociedade em que vivemos). A consciência da nossa Sombra e das várias Personas que assumimos, proporcionam o equilíbrio e a harmonia necessária entre o que está dentro e o que está fora de nós, esse equilíbrio é importante para a manutenção da autoestima.
A união da autoestima com a motivação é que geram o entusiasmo de vivenciar algo ou colocar em prática algum plano.
Motivação é o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para alcançar uma determinada meta ou objetivo e está ligado ao conceito de movimento (Mover-se para dentro e para fora simultaneamente).
A motivação é uma força interna que emerge e sustenta as nossas ações importantes e por ser interna somente nós mesmos podemos senti-la. A automotivação é a única que se torna perene.
O homem nunca estará completamente satisfeito, sempre haverá uma nova necessidade, que irá dirigir novas condutas motivacionais e através da ação surge à motivação.
Por mais que consigamos realizar alguns dos nossos sonhos, sempre haverá mais algo a realizar, por mais que viajemos, sempre haverá lugares que gostaríamos de conhecer, por mais que amemos, sempre acharemos que podemos amar mais. Aos que se fecham para a vida, se negando a viver plenamente, a culpa e a falta será sempre uma carga e opressão. Aqueles que sabem que a busca nunca será finalizada, encontram satisfação em cada conquista e a culpa ou a falta sempre impulsionará.
“Aquele que tem um porque viver pode suportar quase todos os como viver” (Frankl, 1962).
Para ter autoestima e motivação é preciso ter um objetivo na vida e sentir prazer no que se propõe a fazer.
É preciso despertar para a capacidade de se auto modificar, porém toda mudança faz com que se tenha que sair da zona de conforto e sair da zona de conforto não é uma tarefa fácil, pois surge o medo do novo, culpa, punição, muitas vezes o sentimento de exclusão, etc.
A psicoterapia é um instrumento facilitador para que a pessoa caminhe no processo da individuação e para que consiga se reconhecer e se valorizar. Durante o processo de análise a pessoa faz um mergulho interno que pode lhe proporcionar o reconhecimento do seu potencial em buscar e superar desafios, com isso sua autoestima e motivação estarão alinhadas.
Ter autoestima e estar motivado é estar de bem com a vida!

Texto escrito por: Helen Cristina Sellmer Zeviani
Psicóloga Clínica – CRP: 06/87036 SP
Contato: (11) 3446-8110 e (11) 99825-6475

Fonte: O desenvolvimento da personalidade (Jung, 1981);
IJEP (Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa)